RELAÇÃO ENTRE TDAH E DEPRESSÃO NA VIDA ADULTA
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O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) está relacionado com o desenvolvimento de depressão na vida adulta. A razão para isso poderia se dever tanto ao estresse psicológico advindo do transtorno quanto a alguma relação de base neurobioquímica.
Um artigo publicado na Psychological Medicine buscou avaliar se o TDAH e a predisposição genética ao TDAH teriam alguma relação causal com o desenvolvimento de depressão ao longo da vida. Uma relação desse tipo poderia indicar que o tratamento do TDAH é capaz de diminuir o risco de depressão.
Alguns estudos anteriores com gêmeos haviam postulado que a ocorrência simultânea de depressão e TDAH poderia se dever a riscos genéticos compartilhados. Nesse sentido, fatores de risco em comum poderiam fazer com que algumas pessoas desenvolvessem TDAH e outras depressão. Em contrapartida, o presente estudo buscou distinguir se o próprio TDAH seria fator de risco.
Os dados foram coletados da coorte prospectiva longitudinal “Avon Longitudinal Study of Parents and Children” (ALSPAC). Foram incluídos para análise 8310 indivíduos que foram avaliados para TDAH aos 7 anos de idade usando a subescala de avaliação parental de TDAH do Strengths and Difficulties Questionnaire (SDQ). Os dados sobre depressão foram coletados usando o Short Moods and Feeling Questionnaire (sMFQ) aos 18, 21, 22, 23 e 25 anos de idade. 57% (n=4771) dos participantes tiveram dados de depressão coletados ao menos uma vez nesses 5 períodos.
Para avaliar o efeito do risco genético de TDAH na depressão, dados de genética foram coletados do estudo de genética ampla de indivíduos com ascendência europeia para TDAH e Depressão maior.
Ao todo, 6,4% (n= 530) dos participantes foram diagnosticados com TDAH aos 7 anos e 26,7% tiveram depressão recorrente na idade adulta. Aproximadamente 32,7% daqueles com TDAH na infância tiveram depressão recorrente na idade adulta comparado com 26,5% daqueles sem TDAH. Alternativamente, entre aqueles que tinham depressão recorrente na vida adulta, aproximadamente 7,8% deles tiveram TDAH na infância comparado com 5,9% sem depressão.
O TDAH na infância foi associado com um aumento de risco de depressão recorrente na idade adulta (: OR 1.35, 95% CI 1.05–1.73, p = 0.02). Esses achados se mantiveram ao se controlar para sexo, adversidades na vida, educação materna e depressão materna (OR 1.38, 95% CI 1.07–1.79, p = 0.01).
Análises de randomização mendelianas sugeriram um efeito causal da susceptibilidade genética do TDAH na depressão maior (OR 1.21, 95% CI 1.12–1.31). Porém, análises feitas com definições mais amplas de depressão diferiram, mostrando uma influência fraca no desenvolvimento de depressão (OR 1.07, 95% CI 1.02–1.13).
Como os pesquisadores concluem, as análises longitudinais mostraram que o TDAH é um fator de risco para a depressão na vida adulta e as análises de randomização mendeliana reforçam um efeito causal do TDAH na depressão maior, apesar de que esses resultados variaram conforme a definição de depressão utilizada. Além disso, é importante notar que o TDAH em si não é um fator de risco forte para a depressão na vida adulta e muitos indivíduos desenvolverão depressão por outras razões.
Referencia:
-Riglin, L., Leppert, B., Dardani, C., Thapar, A. K., Rice, F., O’Donovan, M. C., … Thapar, A. (2020). ADHD and depression: investigating a causal explanation. Psychological Medicine, 1–8. doi:10.1017/s0033291720000665