CRESCIMENTO DO TDAH NOS EUA: mais diagnósticos ou mais casos?
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O número de crianças diagnosticadas com Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) parece ter crescido dramaticamente nos Estados Unidos, apontou um novo estudo.
Entre 1997 e 2016, a proporção de crianças diagnosticadas com o transtorno cresceu de 6,1 para 10,2%, mostraram os pesquisadores no JAMA.1
Contudo, ainda é uma questão aberta se estes diagnósticos representam um aumento real de casos de TDAH entre crianças, disse um dos co-autores do estudo, Dr. Wei Bao. Ele é professor assistente de epidemiologia na Universidade de Iowa.2
“É mais provável que estejamos melhorando nossa capacidade de fazer diagnósticos eficientes, dado o aumento de conhecimento entre os médicos sobre o TDAH, devido a contínuos esforços de educação médica”, disse Bao. “Isso pode contribuir parcialmente para o crescimento.”
Stephen Hinshaw, um professor de psicologia na Universidade da Califórnia, em Berkeley, avisa que também é possível que médicos estejam entregando diagnósticos de TDAH sem justificativa.
“Práticas incorretas de diagnósticos, frente às crescentes pressões por performance, podem estar motivando as taxas de elevação nos diagnósticos, que ultrapassam a verdadeira prevalência da condição”, disse Hinshaw, que não estava envolvido no estudo. “Isso é uma pena, porque o TDAH pode gerar deficiências significativas nas vidas das crianças”, lamentou o professor.3
Para pesquisar as tendências de TDAH, Bao e seus colegas revisaram 20 anos de dados da National Health Interview Survey, que é conduzida anualmente pelo U.S. Centers for Disease Control and Prevention. Os pesquisadores analisaram estatísticas de 1997 a 2016.
A pesquisa, conduzida entre 2015 e 2016, analisou dados de 18,107 crianças e adolescentes entre 04 e 17 anos. No geral, 1,880 receberam diagnóstico de TDAH.
Os pesquisadores encontraram diferenças significativas com relação a etnias e gêneros.
Gêneros: 14% dos meninos foram diagnosticados com o transtorno. Já as meninas, 6,3%.
Etnias: 12% de crianças brancas, não hispânicas foram diagnosticadas com TDAH. Já crianças hispânicas, 6,1%. A taxa de crianças negras não hispânicas diagnosticadas com o transtorno foi de 12,8.
Bao diz suspeitar que a disparidade entre meninas e meninos acontece pela diferença com que o transtorno se manifesta em ambos. Os meninos são mais ativos e, portanto, mais relacionados à hiperatividade, argumenta o pesquisador. “As meninas podem manifestar déficit de atenção, o que é mais difícil de reconhecer do que a hiperatividade”, responde Bao.
Ainda, novas pesquisas sobre TDAH levaram a critérios de diagnósticos mais amplos, o que naturalmente aumentou as taxas de casos, avisa o psicólogo Ronald Brown, reitor da Universidade de Nevada. Hoje, por exemplo, sabemos que o TDAH pode ser identificado em idade pré-escolar e pode prosseguir através da adolescência e da vida adulta, explica Brown.3
Especialistas também sugerem que diagnósticos equivocados estejam aumentando a taxa de casos.
Amie Bettencout, professora assistente do Departamento de Psiquiatria e Ciências Comportamentais do Johns Hopkins University School of Medicine, pede cautela ao analisar este suposto crescimento de TDAH nos EUA.2
“Os autores do estudo reconhecem que utilizaram relatórios dos pais, confirmando que um médico ou um profissional de saúde havia diagnosticado seu filho com TDAH”, argumenta Bettencourt.
“Isso pode abrir uma caixa de Pandora, pois há diversas condições que incluem problemas de atenção e hiperatividade como sintomas. É possível que o TDAH esteja crescendo, mas também é possível que sejam apenas sintomas de outras desordens”, defende a professora.
Bettencourt diz já ter visto muitos diagnósticos equivocados. “Sou especialista em crianças pequenas”, ela diz. “O rigor crescente na educação do jardim de infância está levando a muitos erros na identificação de TDAH. É uma época na vida da criança em que ela ainda está desenvolvendo a capacidade de ficar parada. Anos atrás, não havia muito isso de ficar sentado. A aprendizagem era baseada na brincadeira e na experiência”, explica.
O que esta pesquisa está nos dizendo, conclui Bittencourt, é que muitas crianças estão sofrendo com dificuldades sociais, emocionais e comportamentais.
FONTES:
1 GUIFENG et al., 2018. Twenty-Year Trends in Diagnosed Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder Among US Children and Adolescents, 1997-2016. JAMA Network Open. 2018;1(4):e181471. doi:10.1001/jamanetworkopen.2018.1471. Disponível em: https://jamanetwork.com/journals/jamanetworkopen/fullarticle/2698633 . Acesso em: 24 de setembro de 2018.
2 ADHD DIAGNOSES MAY BE RISING IN U.S. REUTERS. Disponível em: https://www.reuters.com/article/us-health-adhd/adhd-diagnoses-may-be-rising-in-us-idUSKCN1LG21M . Acesso em: 24 de setembro de 2018.
3 ADHD RATES RISING SHARPLY IN U.S. KIDS. WEBMD. Disponível em: https://www.webmd.com/add-adhd/childhood-adhd/news/20180831/adhd-rates-rising-sharply-in-us-kids . Acesso em: 24 de setembro de 2018.