Confusão mental em adultos pode ser causada pelo TDAH?
Você pode estar preocupado com a sua memória se notou que você tem lutado para acompanhar as questões do seu dia-a-dia, tem se perdido enquanto faz as tarefas de casa ou do trabalho e se desligado durante as conversas. Mas, pode ser que você tenha Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH), uma diferença no cérebro comumente associada a crianças. Nos adultos, o TDAH frequentemente gera problemas de memória e de atenção, e não de hiperatividade.
“De dois a três porcento das pessoas com uma média de 60 anos têm traços de TDAH que são debilitantes”, explica Craig Surman1, um neuropsiquiatria e pesquisador de TDAH no Massachusetts General Hospital. Surman é autor do livro “FASTMINDS: How to Thrive If You Have ADHD (or think you might)”.
Provavelmente, não é algo novo na sua vida
Dr. Surman esclarece que, se você chegou à idade avançada e tem experienciado sintomas de TDAH, possivelmente, você viveu toda sua história com a condição, mas, talvez, não tenha percebido. Observe se, ao longo deste tempo, você se esforçou muito para administrar as seguintes questões:
– Esquecimento
– Desorganização
– Procrastinação
– Perda de interesse em tarefas
– Distração excessiva
– Ineficiência no trabalho (principalmente, quando há muitas tarefas simultaneamente)
– Impaciência
– Não conseguir controlar seus pensamento (dizer tudo o que pensa)
É claro que os sintomas se manifestam de forma diferente nos diversos estágios da vida. Na época da vida profissional, ou até mesmo na escola e na faculdade, por exemplo, você poderá se sentir pressionado a completar determinadas demandas em um período de tempo, a vencer prazos e a ser capaz de manter compromissos e agendas apertadas. Se, por um lado, isso parece dificultar a vida do indivíduo com TDAH, esta mesma estrutura de horários e demandas pode ajudar a manter os sintomas sob controle.
Na aposentadoria, as coisas começam a mudar. “Adultos mais velhos não têm mais as mesmas obrigações. Agora, são eles que criam e administram as estruturas. Isso pode ser uma batalha real”, argumenta o Dr. Surman.
Diagnóstico
Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é complicado, principalmente nesta idade. A desordem compartilha sintomas com o natural declínio de capacidades de pensamento, estresse, ansiedade ou até mesmo depressão. Ainda, a confusão mental pode apenas ser um efeito de determinados remédios como anticolinérgicos. Estas medicações são bastante comuns para o tratamento de incontinência, como é o caso da oxibutinina; para o tratamento da depressão, como a amitriptilina; além de alergias, como é o caso do anti-histamínico difenidramina.
Para começar a dissociar o TDAH de outras condições, Dr. Surman sugere que você pergunte a si mesmo se você sempre lutou com as questões que mencionamos acima. Durante a juventude, era excessivamente difícil para você se manter focado nas tarefas e concluí-las? Isso passava quando aquilo que você estava fazendo era muito interessante para você?
Observe sua história e repasse estas informações para seu psicólogo, psiquiatra ou profissional de saúde. Isso será de grande valia para avaliações mais precisas. Ainda, investigue com seu cônjuge ou familiares, questione-os sobre como você se sentia ou se comportava frente a determinadas situações.
Uma avaliação também incluirá seu histórico médico e, possivelmente, alguns exames e testes para medir a atenção.
Tratamento
Enquanto a medicação é uma constante no tratamento para os desafios com a atenção que pessoas diagnosticadas com TDAH enfrentam, Dr. Surman diz que estratégias não medicamentosas podem ajudar os indivíduos a superar as expectativas cotidianas. “A maioria das pessoas com TDAH pode apontar quais são as tarefas e as situações em que eles se saem bem e aquelas em que eles precisam lutar muito para enfrentar. Isso oferece pistas que nos levam aos fatores capazes de ajudá-los a lidar com os sintomas”, explica o médico.
Ainda, é importante salientar que medicamentos para o TDAH – como o metilfenidato e os sais de anfetamina – podem reduzir o apetite, gerar insônia, aumentar a taquicardia ou a pressão sanguínea. Nesta idade, estes efeitos colaterais precisam ser acompanhados com mais atenção.
Quando o Dr. Surman prescreve medicações para o TDAH na terceira idade? “Quando os problemas de atenção e de manutenção de tarefas começam a prejudicar o cuidado consigo mesmo, a rotina de saúde e as relações destas pessoas”, explica o neuropsiquiatria.
Estratégias não medicamentosas
Na terceira idade, transformar comportamentos pode ser muito eficiente para minimizar os sintomas do TDAH. Você pode participar de grupos de apoio e utilizar as estratégias que os membros compartilham na sua rotina. Reflita sobre a possibilidade de se consultar com um coach, com um terapeuta ou psicólogo. “Estes profissionais lhe ajudarão a adaptar estratégias e soluções que funcionaram para você ao longo da vida”, defende Dr. Surman.
Estratégias podem incluir
– Participar de atividades interessantes e mais colaborativas
– Ter um amigo ou profissional que lhe acompanhe na rotina
– Registrar pensamentos e ideias em listas
– Utilizar organizadores e planejadores
– Criar áreas de baixa distração em sua casa, sem televisores, telefones ou até mesmo pessoas.
Fonte:
1 IS THAT BRAIN FOG REALLY ADULT ADHD?. HARVARD HEALTH PUBLISHING. Disponível em: https://www.health.harvard.edu/diseases-and-conditions/is-that-brain-fog-really-adult-adhd . Acesso em: 06 de dezembro de 2018.